Mais do que discutir, mostrávamos nossas opiniões. Sobre tudo que se podia imaginar. Opiniões para tudo e muita rebeldia ao falar das pessoas e de seus comportamentos. A caretisse era o que mais nos intrigava. E caretisse para nós era assistir à Tv Globo, ler revistas de fofoca, não beber(é claro), escutar as músicas da moda, não conversar com os hippies de rua, enfim... O mais legal é que nosso grupo era aquele que não estudava sempre mas que no final das contas foram os únicos a passar nos vestibulares das federais da vida.
Pois bem. Vestibular conquistado era a hora de entrar para o outro mundo obscuro: a universidade. Apesar das dúvidas sobre esse novo mundo, de uma coisa tínhamos certeza, encontraríamos "gente da gente", pessoas dispostas a continuar e a contribuir com o nosso papo contra a caretisse. Confortável ilusão.
Até encontrei pessoas afim de papear sobre as tais filosofias. Mas a grande maioria das pessoas, mesmo na área de humanas e principalmente na minha área, exatas, eram um bando de caretas. A grande maioria pessoas sem espírito crítico, não conseguiam ver um palmo além do que lhes era mostrado. Com é bom e confortável ocupar o lugar em que estavam sentados. Ouvir os professores(que aliás, salvo raras exceções, sequer conseguem pensar criticamente sobre o seu papel na formação de cidadãos e profissionais), estudar para fazer prova e se preocupar em ir bem nas matérias simplesmente para mostrar aos seus professores e até mesmo para sua família e colegas que conseguem tirar uma boa nota. Estão na faculdade aqueles caras que criticávamos porque gostavam de colocar vários watts de potências sonoras em seus carros, viam televisão o dia inteiro e acreditavam no que a Globo mostrava, e pra finalizar... roupa, música, bebida, bar e mulheres da moda.
Pois é, pessoal. Achando que a universidade era o lugar sagrado dos pensamentos críticos e da quebra de paradigmas, me meti em um mundo estranho onde a formação profissional e pessoal nem sempre é levada a sério.
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